quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A DANÇA QUE MUDA A VIDA - SOLIDARIEDADE LEVA A DANÇA PARA A COMUNIDADE
















A criminalidade, as drogas e a violência presentes nas favelas, hoje são amenizadas pela arte solidária. É o que vem provando o Studio de dança ValorArte, que faz um trabalho voluntário com diversas crianças no morro Pavão Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.

O Studio ValorArte é dirigido por Fabiana Valor (atriz, bailarina e jurada do Prêmio Shell de Teatro), uma veterana da dança, que atua no mercado há 23 anos, e há muito tempo já cogitava a hipótese de participar de um trabalho voluntário. Está há 2 anos trabalhando no Solar, e seu Studio está presente há 2 meses no projeto.

A DANÇA MUDA A VIDA

O Studio ValorArte oferece aulas de balé e sapateado, com duas turmas de 15 alunos cada. Todas as aulas são realizadas no próprio morro Pavão Pavãozinho, e a violência já mostrou sua face em alguns momentos durante as aulas:

- Começou um tiroteio muito forte pouco antes o início da aula. A professora colocou todos os alunos para dentro da sala. Muitos choravam, estavam com medo, alguns desesperados. A idéia dela foi dar aula normalmente, e deixou livres aqueles que estivessem muito nervosos a não fazerem aula. E eles fizeram, todos. Parecia cena de cinema: barulho de tiros e helicóptero sobrevoando do lado de fora, e dentro as crianças dançando lindamente, ao som de música clássica. Foi algo marcante e que, com certeza, ajudou aquelas crianças naquele momento tão ruim. – conta Fabiana

As crianças vêem na dança uma forma de fugir da realidade em que vivem, uma maneira de sonhar que podem viver uma vida diferente. E Fabiana provou que podem:

- Infelizmente a realidade deles é aquela, de violência, mas a gente está tentando tira-los de lá, afastá-los daquele mundo tão cruel. Uma menina que freqüenta as aulas de dança lá no morro, agora também freqüenta as aulas aqui no Studio. Nós percebemos o potencial dela, o talento, e as grandes chances de crescimento que ela tem na dança, e decidimos investir, oferecendo uma bolsa para ela aqui no Studio.

Fabiana destaca a diferença entre os alunos que pagam pelas aulas no Studio, e os alunos do projeto Solar Meninos de Luz “aqui as crianças vem porque a mãe quer muito, às vezes é mais uma realização da mãe do que da criança. Lá no morro é diferente, as crianças amam muito estar ali, amam a oportunidade que está sendo oferecida. Eles possuem uma garra, uma dedicação, fora do comum”.

A dança vem transformando a vida dessas crianças do morro Pavão Pavãozinho, revelando uma vida de sonhos possíveis, e sem violência. Mas não é só a vida dessas crianças que muda “toda vez que eu vou lá eu me emociono, parece que é um ganho, uma vitória a cada dia”.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO SOLAR MENINOS DE LUZ

O projeto nasceu a partir de uma desgraça, ocorrida em em 1983, com a queda de uma caixa d’água sobre barracos do morro.

Dirigentes do Lar Paulo de Tarso (Instituição Espírita de Estudos e Assistência Social) subiram o morro para auxiliar as vítimas e os desabrigados. Muitos voluntários começaram a aparecer no morro, querendo ajudar, prestar serviços, e até recreação para as crianças. Aos poucos, o trabalho foi crescendo e o número de pessoas atendidas também.

Várias estruturas foram criadas como ambulatório, creche, salas de aula e muitas outras atividades, todas gratuitas, para a comunidade do morro.

O Solar Meninos de Luz começou atendendo 35 crianças, e hoje ajuda mais de 400, além de possuir cerca de 100 empregados e 60 voluntários. O projeto já atendeu cerca 3 mil pessoas.


TAÍNA MONTEIRO